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Blockchain: A Nova Era Da Colaboração

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No curso da história das organizações inúmeras foram as ondas de transformação pelas quais as empresas e mercados passaram. Muitas dessas transformações ocorreram sob o mindset de escassez, onde a “pizza” tem um tamanho determinado, e ganha quem ficar com o maior pedaço. Essas transformações eram geralmente voltadas para dentro das organizações. Metodologias tais como downsizing, reengineering, process transformation foram utilizadas para transformar as empresas de dentro para fora na tentativa de capitalizar suas vantagens competitivas e ficar com a maior fatia. Desse modo, processos e sistemas eram repensados e implementados para resolver os problemas operacionais, organizacionais e técnicos dentro das empresas.

No ambiente VUCA (da sigla em inglês, Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo), as relações entre clientes, consumidores e competidores muda a todo instante, assim como mudam as relações de confiança entre eles. Em um ambiente com essas características manter-se sob um mindset de escassez ou avançar para um mindset de crescimento pode significar a diferença entre o desaparecimento e a real transformação das empresas. Assim, as empresas chamadas incumbentes, líderes de mercado, necessitam se reinventar continuamente, sem perder a capacidade de continuar operando seus negócios tradicionais, avançando de maneira ágil em uma reinvenção digital.

Operando sob o mindset de crescimento os desafios apresentados pelo ambiente VUCA requerem a colaboração intensa e extensa entre clientes, fornecedores e até mesmo concorrentes para abrir novas possibilidades de reinvenção, e criam também novos desafios para colocar essa colaboração em funcionamento sustentável.

Mas como colaborar intensamente sem abrir mão das vantagens competitivas nativas de seus negócios e posicionamento de mercado, e ainda sim permitir que as relações sejam cada vez mais colaborativas e eficientes, confiáveis e ágeis? Nesse espaço habitam os maiores benefícios da adoção de soluções baseadas na tecnologia Blockchain.

Blockchain é também conhecida como a tecnologia por trás de cripto-moedas como Bitcoin, Ether, Ripple, entre tantas outras, mas seu uso como conduíte transacional vai muito além disso.

Blockchain, por conceito e desenho, é uma tecnologia que permite – e até pede – a formação de parcerias colaborativas, “da porta para fora”, entre uma rede de participantes, em um ou mais mercados, e até mesmo em diferentes geografias. Esta característica é sustentada por quatro componentes principais:

– Shared Ledger: um “livro razão” / banco de dados onde se registram os dados das transações entre os participantes da rede, replicado e compartilhado entre eles;
– Smart Contracts: descrevem as regras de negócio que regem uma transação entre os participantes. É a parte programável do Blockchain e que permite a automação dos processos compartilhados;
– Privacidade: ainda que todos os participantes tenham uma cópia do “livro razão” os dados são criptografados de modo que cada participante acessa apenas aqueles dados que lhe são permitidos;
– Consenso: as transações são certificadas por participantes relevantes através de um processo de consenso e, uma vez validadas, seus dados não podem ser modificados ou apagados

Portanto, nem todo problema que PODERIA ser resolvido com Blockchain DEVE ser resolvido com Blockchain, uma vez que os benefícios trazidos por soluções baseadas em Blockchain são mais amplos e relevantes quando usado ENTRE diferentes participantes. Outras tecnologias mais tradicionais podem resolver problemas herméticos, autocontidos nas empresas, com menos complexidade. No caso do mundo VUCA, entretanto, Blockchain reina absoluto.

Para identificar problemas que tenham características passíveis de serem resolvidos, melhorados ou reinventados com o uso de Blockchain é necessário identificar dentro das características do processo atual:

– Se existe e qual é a rede de negócios ao redor do problema;
– Quantas empresas participam dessa rede e quais seus papéis no processo de negócio;
– Validações ou automações adicionais que beneficiariam os KPIs do processo de negócio;
– Quais dados dessa relação de negócio servem ao propósito de auditoria e rastreabilidade;
– Que tipo de reconciliação ou resolução de disputas oneram o processo;
– Entre outras.

Ainda que essas e outras características sejam comprovadas, é fundamental que um projeto dessa complexidade seja iniciado com um escopo controlado, participantes limitados, e cresça conforme o uso da tecnologia e o processo de governança da rede amadureçam.

Usualmente esses casos serão rapidamente identificados por pessoas de negócio que estão insatisfeitas com o estado atual de seus processos, e que já tentaram outras tecnologias sem sucesso.

Em processos onde é necessário rastrear produtos ou partes de produtos através de uma cadeia de suprimento extensa, com diferentes participantes (produtores de matéria prima, fabricantes, distribuidores e varejistas) recuperar informação entre sistemas e processos diversos e fragmentados é uma tarefa cara e demorada. Com Blockchain isso se torna uma questão de segundos.

Em transações de exportação onde a gestão de risco financeiro é feita de maneira isolada entre as partes, os custos da transação são elevados, impedindo que pequenos produtores se beneficiem de uma rede de clientes mais ampla. Com Blockchain a transparência do processo é maior, reduzindo os custos associados a proteção do risco.

As diversas laudas e assinaturas necessárias para se desembaraçar um container requerem múltiplas assinaturas de diferentes agentes (aduaneiros, despachantes, clientes, fornecedores, fiscais, etc.) e podem causar o efeito de demurrage, eventualmente inviabilizando o caso de negócio de um navio inteiro. Com Blockchain os processos e firmas podem ser realizados de forma digital, com total transparência entre os agentes envolvidos, virtualmente eliminando o risco de demurrage.

Se apoiando sobre os Serviços e Plataforma IBM Blockchain é possível aos clientes desenhar essa jornada de adoção de Blockchain desde a definição de sua estratégia – identificando e priorizando KPIs impactados e casos de uso de maior potencial (bang-for-buck) –, selecionar e executar um primeiro projeto utilizando metodologia ágil para a geração de um MVP que permita sua subsequente expansão com ampliação dos Smart Contracts, integrações, mudanças organizacionais, definição e gestão do modelo de governança da rede, e aquisição de novos membros participantes para o ecossistema, potencialmente gerando um novo modelo de negócios.

Blockchain já deixou de ser promessa, e colher seus benefícios é uma questão de dar o primeiro passo em direção à uma nova era de colaboração entre as organizações.

 

Mauricio Magaldi Suguihura
Líder de Consultoria para Blockchain da IBM na América Latina

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